sexta-feira, 23 de maio de 2014

Nota de apoio à greve na USP


Reproduzimos a nota dos estudantes do Núcleo Marxista Leninista da Universidade de São Paulo, em apoio à recém deliberada greve dos alunos, professores e servidores da universidade. 


Nós, do Núcleo Marxista Leninista, declaramos nosso apoio combativo à greve dos servidores, professores e alunos da Universidade de São Paulo, deliberada hoje (dia 21/05), com início para a próxima terça-feira, dia 27. Trata-se de uma justa ação das 3 categorias da USP às medidas tomadas pela reitoria e pelas autoridades universitárias.

A atual gestão vem se portando de forma intransigente diante das reivindicações dos funcionários, professores, e estudantes, se servindo de constantes cortes não apenas salariais (referentes às primeiras categorias), mas também que comprometem a permanência estudantil. Os funcionários estão cansados da precarização do trabalho, principalmente os terceirizados, cada vez em maior quantidade no ambiente universitário. Tal aumento da terceirização corresponde aos interesses liberais da gestão, que já demonstra seu direcionamento desde as primeiras ações de cortes: pretende-se diminuir a atuação do estado na universidade que deveria ser totalmente pública, gratuita, e de qualidade.

É cada dia mais comum que alunos continuem a desistir de seus cursos por diversos problemas de permanência. Estão sendo feitos cortes como o da pesquisa, e já existem propostas absurdas de cobrar pelos cursos de pós-graduação. Em contradição, a gestão atual, seguindo na mesma linha da anterior, continua se vangloriando dos tais "rankings internacionais" nos quais a USP sobe de posicionamento, omitindo que tal "internacionalização" da universidade se dá conforme a lógica das empresas que já se envolvem na privatização de alguns cursos e na lógica imperialista que permanece no processo de produção científica.

A declaração recente de 0% de aumento para os servidores da universidade, que nada mais é do que uma provocação por parte da reitoria, tendo conhecimento da inflação de 6,78%, foi apenas o estopim para que tal greve fosse organizada. Porque, no dia a dia, já lidamos com problemas graves de infra-estrutura, que acabam por prejudicar o aprendizado e o decorrer das aulas, como salas superlotadas em contradição com espaços subutilizados. Isso para não mencionar o verdadeiro descaso pelo qual passaram os alunos da EACH com os problemas recentes de insalubridade do solo e contaminação da água dos bebedouros devido a piolhos de pombo. Enfim, alunos e professores já lidam durante anos com problemas graves na infra-estrutura, chegando ao cúmulo de nem sequer possuírem papel sulfite para imprimirem seus trabalhos.

Entendemos que esta greve se dá em um contexto de manifestações por todo o país, em um momento de agitação política que precede a Copa, e no qual as contradições do capitalismo imperialista se acirram de diferentes formas ao redor de todo o mundo. As ações dos funcionários, professores, e alunos da nossa universidade precisa se contextualizar não só nas particularidade do ambiente universitário, mas deve levar em conta a lógica do capital, na qual a universidade ainda se insere.

Diferentes meios de comunicação e formadores de opinião vêm colocando uma suposta necessidade de privatizar a Universidade e tornar o estudo cada vez mais excludente, supondo que exista uma "crise orçamentária" na USP, aderindo às desculpas esfarrapadas da reitoria para não investir na Universidade. O que existe na USP na verdade é um projeto se ensino que serve ao capitalismo e não aos trabalhadores, e as greves devem denunciar isso. Os funcionários e professores devem receber seus aumentos, os terceirizados precisam ser efetivados, e os alunos precisam ter garantias de permanência estudantil!

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