sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Sexto Grande Ato da Favela do Moinho

Moradores da Favela do Moinho realizaram ontem, dia 18 de setembro, o Sexto Grande Ato pela regularização da favela, onde cobraram do prefeito Fernando Haddad as promessas não cumpridas feitas durante sua campanha, de urbanizar a favela e instalar nela luz, água e esgoto. O ato se iniciou na Avenida Rio Branco, região central de São Paulo, e marchou até a prefeitura do município. Ainda que a manifestação tenha seguido pacificamente, os moradores e apoiadores que se manifestavam sofreram frequentes provocações da PM paulista que seguia a manifestação. A PM tentou furar o cordão feito pelos manifestantes sobre a Avenida Rio Branco para poder cercar a manifestação e reprimi-la mais facilmente, tal como fez com tantas outras. Graças à persistência dos manifestantes, não conseguiu fazê-lo. Caminhando pelo centro de São Paulo, a manifestação passou por diversas ocupações de prédios abandonados, principalmente do movimento Frente de Luta pela Moradia - em cada ocupação, a comunidade do Moinho enviava suas saudações combativas e chamava os moradores de cada comunidade para que se somassem ao protesto.

Ao chegarem à prefeitura, líderes comunitários atacaram contundentemente o prefeito reacionário Fernando Haddad, denunciando a maneira como foram enganados pela gerência atual. "Seu prefeito vagabundo! Pilantra!", gritavam os líderes comunitários e demais moradores. Os manifestantes, moradores e apoiadores reivindicavam que o prefeito descesse ao andar térreo da prefeitura para que ele pudesse ser ouvido publicamente e falasse, na frente de todos os moradores, que cumpriria as promessas feitas em campanha. Apesar de haverem persistido por cerca de trinta minutos pela resposta pessoal do prefeito, os moradores foram sistematicamente ignorados. Como resposta, desceram e fecharam por cerca de quinze minutos a Avenida de 23 Maio, uma das mais movimentadas da Grande São Paulo, como maneira de cercar o carro do prefeito Haddad que, segundo boatos, estava fugindo da prefeitura, e como forma de pressionar os órgãos do Estado reacionário para que suas reivindicações fossem atendidas. Passados os quinze minutos, o prefeito Fernando Haddad ligou para o governador Geraldo Alckmin cobrando a ação da PM para "desafogar o trânsito", e os policiais militares intervieram na manifestação com a tropa de choque, ameaçando reprimir quem quer que estivesse lá caso não liberassem a passagem da Avenida 23 de Maio. Dada a desigual correlação de forças e a grande presença de moradores idosos, crianças e mulheres, o movimento foi obrigado a recuar e liberar a Avenida, retornando para a prefeitura.

Após um tempo, o prefeito Haddad aceitou receber uma equipe de cinco representantes da Favela do Moinho para subirem em seu gabinete e negociar as demandas. Os moradores se recusaram prontamente a enviarem representantes e persistiram em falar com o prefeito somente em público, com todos presentes. 

A Favela do Moinho é hoje uma das mais carentes comunidades entre as várias existentes na Grande São Paulo. Seus moradores vivem sob a mais desumana miséria: Não possuem energia elétrica, esgoto tratado ou água encanada, fazem suas necessidades em esgoto a céu aberto, bebem a água e tomam banho em córregos a céu aberto. Nesta situação de calamidade social, são endêmicas todo tipo de doenças advindas do contato direto com o esgoto, ratos e insetos transmissores de doenças, que atingem principalmente as crianças e os idosos. Ainda que com grandes doenças, os moradores da favela não possuem também quaisquer hospitais ou postos médicos para se tratarem, permanecendo sob o maior abandono por parte das instituições do Estado. 

Localizada numa região tomada pela especulação imobiliária, os moradores já enfrentaram quatro incêndios, o último em 2012, do qual até hoje muito pouco conseguiram se recuperar. Logo após o incêndio que tomou a favela em 2012, Fernando Haddad, que estava em período de campanha eleitoral, chegou aos moradores da comunidade do Moinho fazendo todo tipo de promessas, se aproveitando cinicamente da fragilidade destes, que tudo perderam no incêndio para engordar suas ambições eleitoreiras. Para ganhar votos, até chorar Haddad chorou. Os moradores, que estiveram entre os que elegeram Haddad, são agora recebidos com toda truculência quando vão reivindicar o que já havia sido prometido.

A posição correta de boicotar o farsante sistema eleitoral reacionário pela abstenção ou pelo voto nulo se populariza cada vez mais entre os moradores da comunidade do Moinho. Longe de se confirmar a lorota reacionária acerca de uma suposta "acomodação" do povo, o povo segue despertando cada vez mais para a luta revolucionária, lutando de forma cada vez mais organizada. Conquistas efetivas como fruto da luta popular e revolucionária estarão certamente por vir.

MOVIMENTO BANDEIRA VERMELHA
São Paulo, 19 de setembro de 2014

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