sexta-feira, 21 de junho de 2013

20 de Junho: Fascistas, não passarão!


Após a tentativa de cooptação das grandes manifestações contra o aumento das passagens, em São Paulo, pela velha reação fascista e lacaia, no dia 20 de junho todos os partidos e organizações democráticas, progressistas e populares se uniram numa nova manifestação independente e combativa contra o aumento da passagem e o avanço do fascismo. Apesar de o aumento das tarifas do transporte ter sido barrado, com redução de R$3,20 para R$3, a passagem segue sendo cara para um serviço de péssima qualidade.

Deve-se prosseguir com o protesto popular
A redução da tarifa foi, sem dúvida, uma grande vitória para o movimento democrático e popular e o povo paulistano. Contudo, São Paulo ainda segue sendo uma das capitais mundiais com uma das menores extensões de linhas metroviárias: aproximadamente 70 quilômetros de linhas de metrô para atender uma população de doze milhões de pessoas. Para termos uma ideia da má qualidade do transporte público, comparemos: A Cidade México, capital de outro país atrasado e semicolonial da América Latina, que iniciou a construção do metrô na mesma época que São Paulo, possui hoje mais de 201 quilômetros de linhas metroviárias para atender uma população de menos de nove milhões de habitantes. De 1995 a 2010, a linha metroviária de São Paulo foi estendida em apenas vinte e um quilômetros, o que significa uma média de cerca de 1,5 quilômetros de linhas metroviárias anualmente. Entre 2003 e 2006 a relação foi ainda pior: foram construídos 2,6 quilômetros de linhas metroviárias, uma média pífia de 650 metros por ano. De 1996 a 2011, a passagem acumulou uma alta de 263%. Caso o Estado tivesse a política de somente reparar a inflação sobre o preço, a tarifa, que em 1996 custava R$0,80, custaria hoje R$1,84.

Observamos, portanto: apesar da clara concessão feita pela prefeitura paulista em reduzir a tarifa em vinte centavos, tendo em vista abafar o protesto popular, a situação do transporte público da cidade ainda está longe de ser minimamente razoável. Aliás, segue pior mesmo quando comparada ao transporte público de muitos países subdesenvolvidos. Por conta disso, as manifestações pela melhoria do transporte público possuem total fundamento. É justo rebelar-se e dizer que os protestos devem prosseguir.

Unidade de todas as organizações democráticas, populares e operárias para rechaçar o fascismo e a ofensiva anticomunista
A manifestação de 19 de junho testemunhou uma enorme cooptação do movimento popular pelo fascismo e pela demagogia da velha imprensa. Via-se na passeata um enorme sentimento anticomunista e “reivindicações” há tempos levantadas pelas reacionárias oligarquias brasileiras, como a redução da maioridade penal e a volta do regime militar-fascista de 1964. Como todos puderam observar, os companheiros do PCR foram totalmente hostilizados e tiveram suas bandeiras rasgadas e pisoteadas por conta do fascismo travestido de “anti-partidarismo”. Não somente isso, como todos aqueles que levantavam bandeiras de organizações democráticas eram hostilizados e ameaçados. Felizmente, não fomos somente nós e o PCR quem percebeu o avanço do fascismo. Como consequência da guinada à direita da manifestação de 19 de junho, no dia seguinte toda a esquerda se uniu numa enorme e combativa manifestação para rechaçar o fascismo travestido de “nacionalismo” e “anti-partidarismo”. Estavam presentes conosco, na concentração no vão do MASP, organizações como Partido da Causa Operária, Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo e Liga Estratégia Revolucionária.

Por volta das 17h30, todos os militantes presentes saíram da concentração e rumaram para a Avenida Paulista. Mesmo pouquíssimo tempo depois da saída, foram imediatamente hostilizados pela outra manifestação, na avenida paralela, hegemonizada por elementos da reação. Ainda que vaiados pelos fascistas, militantes do PCO, PSTU, FRDDP, CBV e outras organizações levantaram de maneira corajosa as respectivas bandeiras vermelhas de suas organizações ao grito de palavras de ordem como “Abaixo o imperialismo e viva ao comunismo!”, o que fez com que os manifestantes reacionários, mesmo que em maior número, recuassem em suas provocações, que se resumiam em falar “Voltem pra Cuba!” ou “Abaixem as bandeiras!”. Minutos depois, todos os partidos políticos e organizações democráticas se uniram numa só manifestação do lado esquerdo da Avenida Paulista, que prosseguiu bem por cerca de duas horas, quando elementos provocadores da manifestação fascista tentaram agredir militantes do lado da esquerda. Toda corja de fascistas e anticomunistas hostilizavam militantes de esquerda e queimavam bandeiras vermelhas, utilizando bombas de gás lacrimogêneo e sprays de pimenta. Em resposta, a esquerda enfrentou com valentia os anticomunistas que tentavam avançar, apesar da vacilação de determinados elementos do nosso lado. Um skinhead nazista que ameaçava de maneira covarde os militantes de esquerda com palavrões e provocações incitando brigas foi ferido na cabeça com uma paulada desferida por democratas que estavam sendo agredidos, muito embora após a ação a imprensa reacionária tenha tentado apresenta-lo como um “advogado inocente” que estava “somente protestando”, mostrando muito bem que compactua com e apoia os atos de provocadores, mesmo quando vêm de nazi-fascistas declarados.

Provocadores de extrema-direita na manifestação na Avenida Paulista
Ainda que o saldo tenha sido de um ferido do lado da reação, e nenhum ferido do lado dos manifestantes democráticos e populares, fazemos o infeliz balanço de que a esquerda perdeu a batalha do 20 de junho. Toda a manifestação foi cercada pelos direitistas, que nos expulsaram sob pena de sermos cercados e espancados por estarmos em menor número. Após a dispersão da manifestação da esquerda e a tomada da rua na totalidade pela extrema-direita fascista, todos aqueles usavam roupas vermelhas ou portavam objetos com a mínima referência ao socialismo e ao comunismo eram ameaçados com facas e porretes em locais como a estação Consolação ou Paraíso. “Estranhamente”, nada disso foi divulgado pela velha imprensa, que teceu elogios aos “manifestantes contra partidos” que genericamente protestavam “contra a corrupção” e apoiou de maneira velada as agressões contra militantes de partidos políticos.

A perigosa situação que se desenvolve pode trazer graves retrocessos para o movimento operário e popular, caso tais canalhas fascistas não sejam ideologicamente combatidos. Mesmo estando a par de que nossas divergências com organizações como PCR, PCB, PSOL, PSTU, PCO etc. são divergências profundas, vamos nos solidarizar de maneira concreta e defende-las contra quaisquer atos hostis por parte dos elementos de extrema-direita. Damos nossa opinião pela unidade da esquerda na Frente Única Anti-Fascista para derrotar o inimigo principal, que é o perigo do fascismo que a cada dia mais aumenta.

A esmagadora maioria dos jovens manipulados pela reação e pelo fascismo para atacarem militantes de partidos políticos é de origem burguesa ou pequeno-burguesa. Apesar de muitos serem bem-intencionados e interessados nas mudanças, quase que a totalidade dos mesmos acabou servindo de massa de manobra para as ações mais vis, cooptados pelos setores mais atrasados das velhas oligarquias brasileiras. Infelizmente, a enorme falta de experiência de luta e despolitização dessa parcela da juventude pode fazer com que a mesma cometa os atos mais reacionários, anticomunistas, ainda que de maneira inconsciente. A tais elementos, dizemos:

Por favor, não mostrem hostilidades contra nós ou contra quaisquer militantes de partidos políticos durante as próximas manifestações que estão por vir. Não sirvam de massa de manobra para a elite reacionária brasileira e seus veículos midiáticos. Não nos tomem como seus inimigos porque não o somos, e se unam conosco contra o inimigo principal que é o perigo do retrocesso para o fascismo dos atuais protestos. Não se voltem contra aqueles que lutam há muito mais tempo que vocês e que também querem um Brasil melhor. Dizemos também sem qualquer telha de vacilação: A bandeira vermelha que hasteamos em todas as manifestações é a bandeira sagrada da Revolução Proletária, que representa a luta de milênios das massas trabalhadoras exploradas contra seus algozes. Qualquer um que tente rasga-la, queimá-la ou toma-la de nós será nosso inimigo, contra o qual exerceremos nosso justo direito de autodefesa. Todos aqueles que tentarem agredir fisicamente a qualquer um de nós e a nossos companheiros também serão contra-golpeados sem qualquer pena. Não hesitaremos em aplicar o velho lema bolchevique: “Opor a violência revolucionária à violência contrarrevolucionária.”

COLETIVO BANDEIRA VERMELHA
São Paulo, 21 de junho de 2013

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