quarta-feira, 19 de junho de 2013

A guinada à extrema-direita das manifestações

Ataque ao PCR na Praça da Sé
Nós, do Coletivo Bandeira Vermelha, estivemos presentes mais uma vez nas manifestações contra o aumento da passagem. Desde o início da concentração, percebia-se a crescente cooptação do movimento pelos reacionários, que se manifestavam em slogans como “Sem vandalismo!” ou “Fora, partidos!”. Aos que possam nos criticar por um suposto pessimismo, oriundo da crescente despolitização dos protestos, dizemos que, infelizmente, está longe de se tratar somente disto. Na concentração de manifestantes na Catedral da Sé, encontravam-se “reivindicações” escritas em placas que, longe de serem genuínas reivindicações, pareciam muito mais com as velhas bandeiras levantadas pelos setores mais atrasados das oligarquias brasileiras. Sim, slogans como “Pela redução da maioridade penal”, “Abaixo a PEC 37”, “Fora médicos cubanos”, “Pela volta dos militares”, “Chega de corrupção!” eram algumas das “exigências” de grande parte dos manifestantes do protesto de 18 de junho. Somava-se isso ao patrioteirismo vazio – que nada tem a ver com o genuíno patriotismo popular e revolucionário que consiste em amar sua pátria e seu povo em luta contra o imperialismo –, aos ecos do “Hino Nacional” e às palavras de ordem reacionárias como “Abaixo o vandalismo!”.

Logo no início da concentração, tivemos o desgosto de testemunhar as hostilidades contra os companheiros do Partido Comunista Revolucionário (PCR) por estarem “levantando bandeiras”. Os mesmos reacionários inconscientes que lançavam palavras de ordem como “Viva à liberdade de expressão!” foram os que tentaram agredir fisicamente os companheiros do PCR. Não só fizeram isso como tiveram a coragem de cometer o ato vil e desumano de rasgar e pisotear a bandeira vermelha com a foice e martelo que simboliza o emblema do partido. Não, não se trata tão somente do símbolo do PCR. A bandeira vermelha com a foice e martelo é a bandeira da Revolução proletária, forjada através da luta de séculos do proletariado e de todos os trabalhadores contra seus opressores, bandeira essa que inspirou a luta de milhões de trabalhadores por todo o globo a marchar para a construção de uma nova sociedade livre de toda a exploração e opressão, sem guerras e sem miséria. A bandeira vermelha da foice e martelo inspirou e segue inspirando a luta revolucionária de todos os trabalhadores, independente a qual pátria pertençam. A atitude que tiveram tais canalhas ao pisotear a bandeira vermelha da Revolução foi, portanto, um ato fascista, que demonstra o elevado grau de degeneração moral ao qual chegaram todos os burgueses na etapa do imperialismo, que não mais possuem a mínima dignidade sequer de respeitar todos aqueles que morreram assassinados, de fome e torturados por levantarem alto a bandeira vermelha da Revolução.

Não pararam por aí as atitudes vis dos reacionários infiltrados na manifestação carola de 18 de junho. Também os companheiros do Partido da Causa Operária (PCO) foram duramente hostilizados pelos reacionários por levantarem bandeiras vermelhas (“Bandeiras de partidos!”) durante o ato. Ironicamente, os fascistas que gritavam “vivas” ao regime militar-fascista pós-64, que martirizou e torturou os melhores filhos da Nação brasileira, não receberam qualquer repreensão. Muito pelo contrário: quando o eco da manifestação não ia além de objetivos vagos como o “fim da corrupção”, tais fascistas eram muito bem recebidos.

Pelas atitudes de grande parte dos “manifestantes” de 18 de junho, o grau de cooptação do movimento pela reação parece ter ido além da questão de dirigi-lo para um caminho que mantivesse intacto o sistema burguês. Trata-se agora de encontrar um terreno ideológico favorável para a volta da ditadura aberta e mais reacionária do imperialismo, dos latifundiários e grandes capitalistas, a ditadura fascista. Os partidos e organizações de esquerda precisam formar uma Frente Única contra o fascismo nos próximos atos, levantando a bandeira da revogação do aumento da passagem e denunciando veementemente a fascistização das manifestações. Devemos deixar bem claro que fascistas e reacionários não serão bem vindos e se ousarem rasgar nossas bandeiras vermelhas, soferão as consequências. Também deixamos claro que o Coletivo Bandeira Vermelha não servirá de massa de manobra para a direita golpista e não aceitaremos que fascistas marchem ao nosso lado.

COLETIVO BANDEIRA VERMELHA
São Paulo, 19 de junho de 2013

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