sexta-feira, 28 de junho de 2013

Documentário “Acerca da Cana” denuncia feudalismo e luta pela terra em Pernambuco



O documentário “Acerca da Cana” mostra a situação dos trabalhadores na Usina Tiuma, em São Lourenço da Mata, cidade localizada a 16 km de Recife, Pernambuco. Em troca de uma posse de dois a três hectares nas terras da usina, os camponeses trabalhavam no corte da cana em períodos de safra, o que fazia a usina economizar com os custos dos transportes, da feita que eram nas próprias terras da usina onde os cortadores de cana viviam. Após a valorização do preço da cana, contudo, aqueles que trabalhavam nessas terras eram constrangidos a deixá-las, dado que tais terras ocupadas pelos camponeses poderiam servir para a plantação de mais cana.

Verificando tal situação, parece algo extraordinário, uma peculiaridade da formação histórica brasileira, que mesmo em terras em propriedade de grandes sociedades anônimas capitalistas, não se apliquem relações de produção capitalistas, mas relações de produção feudais ou semifeudais, pré-capitalistas – diversas modalides de renda-trabalho ou renda-produto e demais formas de coação extra-econômica sobre os trabalhadores, como a meação, terça, quarta, sistema de peonagem, barracão, etc.

Nos dias de hoje, sob o constante aliciamento dos usineiros, verdadeiros senhores de terras cujas propriedades ultrapassam 28 mil hectares, as pouquíssimas famílias camponesas que resistiram aos ataques lutam pela posse de seus minúsculos minifúndios de 2 ou 3 hectares de terra, indo de encontro aos latifundiários que lutam para manter intocável o monopólio secular da terra. Dona Maria, camponesa que há décadas reside no local e herdou meio hectare de terra de seu pai, que trabalhou nela durante mais de 60 anos, denuncia com audácia os ataques e o aliciamento dos jagunços a serviço dos usineiros. Tal situação deplorável denuncia, por um lado, a persistência e a coexistência do atraso na sociedade brasileira, de outro, o fracasso do programa de “reforma agrária” do Estado burocrático burguês-latifundiário e a necessidade da Revolução Agrária que liquide a exploração de séculos do latifúndio e distribua as terras aos camponeses sem terra ou com pouca terra, tendo como princípio a consigna “terra para quem trabalha nela”.

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