quinta-feira, 6 de março de 2014

ILPS condena Conselho de Segurança Nuclear iniciado pelos Estados Unidos

Nós, a Liga Internacional de Luta dos Povos, denunciamos e condenamos o Conselho de Segurança Nuclear como uma plataforma de propaganda hipócrita e maliciosa iniciada pelo imperialismo norte-americano. Esse tipo de conselho finge prevenir o terrorismo nuclear, mas, de fato, visa promover e fortalecer o oligopólio das armas nucleares pelas potências imperialistas encabeçadas pelos Estados Unidos. São estes os verdadeiros terroristas que de maneira enganosa acusam de terrorismo nuclear os estados e entidades fora de sua órbita.

O presidente norte-americano Obama iniciou o Conselho de Segurança Nuclear em Praga, em 2009, quando o mesmo fez um chamado para todas as potências imperialistas concordarem em fazer acordos globais para melhorar a segurança de materiais nucleares. O primeiro encontro foi feito em Washington, em 2010, e estabeleceu medidas para o auto-denominado Plano de Trabalho de Washington para garantir materiais nucleares de alta periculosidade (enriquecidos de urânio e plutônio). O segundo encontro foi feito em Seul, em 2012, num teatro dramático para santificar as armas nucleares posicionadas pelos Estados Unidos e a Coreia do sul contra a República Popular Democrática da Coreia (RPDC), e para adicionar para a agenda do encontro fontes radioativas para "bombas sujas".

O terceiro encontro está marcado para os dias 24 e 25 de março deste ano, em Haia, Holanda, e terá a presença de 53 países e quatro organizações internacionais. Os objetivos declarados de tal encontro são a redução da quantidade de material nuclear no mundo, garantir melhor a segurança do material nuclear já existente, e fortalecer a cooperação internacional em tal quesito. O plano do encontro tem como fim fazer uma declaração conjunta final: O Comunicado do Encontro de Segurança Nuclear de Haia.

Tal tipo de encontro é uma excrecência dos tratados de não-proliferação que falharam em reduzir as reservas nucleares. Trata-se, obviamente, de um conluio para perpetuar e aumentar o terrorismo nuclear por parte dos Estados Unidos e seus aliados, incluindo Israel e certos parceiros dos Estados Unidos como Índia e Paquistão. As potências imperialistas estão exagerando na gravidade das ameaças de mini-grupos terroristas como a Al Qaeda e outros, que eles mesmos criaram. Elas também condenam como "terroristas", de maneira injusta, países como a RPDC, que desenvolvem a pesquisa e desenvolvimento nucleares com fins pacíficos e de auto-defesa.

O que é realmente hipócrita e malicioso sobre os Conselhos de Segurança Nuclear é que as maiores potências imperialistas, especialmente os Estados Unidos, é que estas os utilizam para legitimar o aumento de reservas de armas nucleares táticas e estratégicas, urânio empobrecido e outras armas radioativas, bem como a expansão dos atos de intervenção militares e agressão dos Estados Unidos e OTAN (como nos Balcãs, no Cáucaso, Oriente Médio, Ásia Central e outros lugares), em violação à soberania nacional e à independência dos povos e países.

Os EUA são culpados pelo primeiro uso de armas nucleares na história para varrer populações civis às centenas de milhares em Hiroshima e Nagasaki em 1945. Os EUA utilizaram seu monopólio nuclear para aterrorizar os povos do mundo e forçá-los a aceitar sua hegemonia, até que a União Soviética quebrou este monopólio em 1949. Quebrando o monopólio nuclear norte-americano, a União Soviética foi o fator principal na prevenção ao uso unilateral de armas nucleares por parte dos EUA, e em manter a paz mundial a despeito da Guerra Fria. Na época em que os Estados Unidos lançaram sua guerra de agressão contra a Coreia, os mesmos não mais podiam utilizar com impunidade suas armas nucleares contra a RPDC e a China.

Após se ver num impasse com a União Soviética por conta das armas nucleares estratégicas, os EUA procederam em desenvolver armas nucleares táticas e outras armas radioativas. No âmbito da restauração completa do capitalismo em todos os principais países socialistas, o mundo se tornou ainda mais instável e tendente para a crise. Assim, as potências imperialistas estão ainda mais motivadas do que nunca a levar a cabo uma luta pela re-divisão do território econômico global. Como mostrado previamente nas guerras mundiais do século XX, as potências imperialistas usam todas as armas de destruição em massa disponíveis para ganhar vantagem, e não se preocupam sobre quantas pessoas deverão morrer para que as mesmas restabeleçam sua hegemonia global.

Durante a Guerra Fria, havia uma balança EUA-URSS de "destruição mutuamente assegurada". A URSS, até então, se utilizando da superioridade do socialismo sobre o capitalismo, e defendendo os interesses do proletariado e o povo, jurou utilizar a bomba atômica somente como meio de dissuasão, e se antecipou explicitamente do uso primeiro da bomba nuclear. A mesma seguiu expressando sua posição contra a guerra e o uso de armas nucleares, mesmo após haver se convertendo num país de capitalismo burocrático e social-imperialista. Agora, vemos novamente os Estados Unidos e a OTAN pressionando a Ucrânia como uma maneira de ameaçar e debilitar a Rússia. Competir com as potências imperialistas é o mais provável a acontecer na ausência de um verdadeiro bastião socialista no jogo. 

Nós, os povos do mundo, devemos demandar o fim do oligopólio das armas nucleares pelas potências imperialistas que durante muito nos aterrorizaram e utilizaram suas reservas nucleares para impor sua hegemonia. Devemos denunciar e rechaçar as charadas das potências imperialistas, que estão fingindo trabalharem pela não-proliferação e a segurança nuclear, embora ao mesmo tempo sigam expandindo e modernizando seus arsenais nucleares. É moralmente justo para nós chamar por um completo e imediato desarmamento nuclear completo, e demandar que as potências imperialistas tomem em exemplo a destruição de suas próprias reservas de bombas atômicas e armas radioativas. Se os imperialistas recusarem, como esperado, o povo deve achar vias e caminhos de tornarem impotentes tais armas nucleares.

O que permanece nas mãos do povo, contra a ameaça de guerra e terrorismo nucleares, é o potencial de transformar a guerra civil imperialista numa guerra revolucionária civil, cercar e tomar o controle das armas nucleares de seus respectivos países, e estabelecer ou restabelecer sociedades socialistas. Em qualquer país onde elas são mantidas, as armas nucleares são, na verdade, impotentes para destruírem verdadeiros movimentos revolucionários do povo.

por Prof. José Maria Sison
Presidente da Liga Internacional de Luta dos Povos

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